Pequeno material que fala sobre a nossa história, descobrimento, tratados, capitanias hereditárias e muito mais.
Tudo isso faz parte de uma coleção didática. E estarei postando aqui pouco a pouco.
Não é muita coisa. Também não é um material completo, mas espero que possa ajuda-los sempre que possível.



sexta-feira, 27 de julho de 2012

As novas idéias


Nas ultimas décadas do século XVIII, a Europa estava vivendo uma revolução de idéias. As chamadas monarquias absolutistas.
Predominantes desde o século XVI entraram em declínio. Para entender como tudo isso aconteceu, precisamos dar algum repasse em algumas lições culturais e filosóficas. Desde o inicio do século, pensadores como Montesquieu, Voltaire e Rousseau começaram a plantar as sementes do pensamento racional. Segundo eles, os conhecimentos humanos são atingidos pela razão, e através dela podemos descobrir ou formular leis que regem a sociedade.
As idéias desses filósofos deram origem ao pensamento liberal. No plano político, os liberais defendiam que a soberania de um povo reside no direito de representação dos indivíduos, e não no poder dos reis. Mas alguns deles, em particular Voltaire, aceitavam a monarquia, desde que os reis fossem esclarecidos. Tal pensamento deu origem ao despotismo esclarecido, que se desenvolveu em alguns países da Europa.
Nesse mesmo período, Dom José I subiu ao trono de Portugal, precisamente em 1750. O reinado dele ficou marcado pela presença de um ministro, Sebastião José Carvalho e Melo, mas tarde nomeado Marquês de Pombal. Assim que foi nomeado primeiro-ministro pelo rei, Carvalho e Melo influenciado pelo pensamento liberal, procurou fortalecer o poder real, realizou reformas na economia e na administração, e combatendo o poder das grandes famílias da nobreza e da Companhia de Jesus (a mais importante ordem religiosa do reino, também conhecida por Ordem dos Jesuítas). Durante a gestão do Marquês de Pombal, houve um malogrado atentado contra a vida do rei. Pombal aproveitou o incidente para mandar executar uma família de aristocratas (Aveiro e Távola), que liderava a oposição ao monarca. Em 1759, expulsou os jesuítas de Portugal e de seus domínios. O déspota esclarecido tentou, em nome do rei, tomar algumas medidas progressistas. Uma delas foi mandar suspender o Tratado de Methuen, enfraquecendo assim a influencia da Inglaterra sobre os portugueses. Enquanto Portugal vivia seus conflitos internos, a economia continuava em declínio. Havia no país uma organização social arcaica, que não produzia produtos manufaturados, indispensáveis ao progresso da metrópole e de suas colônias. O capitalismo português era capenga, e por isso pouco adiantou a suspensão do Tratado, pois pouco havia a oferecer para o Exterior. Para complicar a situação, houve em 1755 um terremoto em Lisboa que deixou um enorme estrago. Enquanto isso, a Inglaterra investia pesado no desenvolvimento de indústrias, fomentando cada vez mais a Revolução Industrial.
Pombal tentou desenvolver atividades empresariais no Brasil, criando a Companhia do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba. A primeira delas tinha objetivo de desenvolver a região Norte, oferecendo na Europa, a preços atraentes, as mercadorias ali produzidas (cacau, cravo, canela, algodão e arroz). A segunda tinha o mesmo propósito com respeito ao Nordeste. Pombal manteve no Brasil a política de colocar membros de sua conveniência em postos-chaves da administração pública (a velha e conhecida política do “é dando que se recebe”). Fiscais do governo, magistrados e oficiais militares eram todos de sua panelinha, no século XVIII. Mas o seu programa econômico entrou em declínio, tanto aqui quanto em Portugal. A produção de açúcar perdeu mercado quando os holandeses começaram a produzir nas Antilhas, e o ouro ficou escasso.
Outra atitude pombalina (que perdura até os dias de hoje) foi a destruição do mínimo que havia em termos de ensino no país. O ensino estava nas mãos dos padres jesuítas, que construíram colégios equiparáveis a enormes palácios.
Com a expulsão desses padres, seus bens foram confiscados e seus colégios acabaram servindo de palácios para governadores ou hospitais militares.
Pombal tinha tanto poder que o vaticano não se indispôs com ele. Ao contrario o Papa Clemente XIV acabou extinguido a Companhia de Jesus, dando a justificativa de que “ela trazia muitos problemas, e pouco agia”. Em 1777, Dom José I faleceu. Com isso acabou a tirania do Marques de Pombal. A sucessora do rei, D. Maria I, que não simpatizava com as idéias liberais francesas, demitiu o tirano, revogando boa parte do que fez. O processo por ela inaugurado teve o sugestivo nome Viradeira. Alias, é bom não confundir a obra com a pessoa. A Viradeira não foi a rainha, mas sim o resultado das atitudes dela.

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