Pequeno material que fala sobre a nossa história, descobrimento, tratados, capitanias hereditárias e muito mais.
Tudo isso faz parte de uma coleção didática. E estarei postando aqui pouco a pouco.
Não é muita coisa. Também não é um material completo, mas espero que possa ajuda-los sempre que possível.



terça-feira, 31 de julho de 2012

Guerra dos Mascastes (1710)


A luta dos habitantes de Olinda e Recife, ocorrida no ano de 1710, revelava as contradições que afloravam na sociedade colonial, como a crise econômica açucareira do nordeste.
Recife cresceu desde a época da ocupação holandesa, destacando-se como centro comercial dominado pelos portugueses, enquanto Olinda, na época a capital, demonstrava nítidos sinais de decadência.
Em 1703, os mascastes, nome pejorativo dado aos comerciantes de Recife ganhou o direito de se candidatar aos cargos da Câmara Municipal de Olinda, o que causou o descontentamento dos aristocratas.
A revolta eclodiu quando, em 1719, Recife ganhou autonomia, sendo elevada a categoria de Vila. Inconformados, os moradores de Olinda invadiram Recife e destruíram o pelourinho, desencadeando assim uma serie de combates entre as duas vilas.
O conflito só teve um final em 1711, quando novas autoridades foram enviadas de Portugal. Embora conciliador, o novo governador, vindo de Portugal, confirmou autonomia de Recife. 

Guerra dos Emboabas (1707-1709)


Como descobridores das minas, os paulistas, de certa maneira, consideravam a região da mineração como sua propriedade. Contudo, com a vinda de muitos forasteiros, a disputa pelas terras se acirrou.
Os emboabas, denominação dada aos ricos forasteiros (principalmente baianos e portugueses), começaram a invadir grande parte das terras pertencentes aos paulistas, dando inicio a um conflito.
A guerra durou de 1708 a 1709. Apesar de resistirem, os paulistas foram praticamente expulsos das minas. O principal episódio desta guerra foi o “capão da traição”: os paulistas foram encurralados e deixaram as suas armas, com a promessa de que suas vidas seriam poupadas. Mas mesmo assim, foram sumariamente executados.
Com a intervenção de Portugal, porém, os paulistas, liderados por Borba Gato, obtiveram a formação da capitania de São Paulo e das Minas de Ouro, em 1711, o que elevou a Vila de São Paulo a categoria de cidade, provando a sua importância. 

A Revolta de Beckman


Após a restauração (1640), a Metrópole criou as Companhias de Comercio, cuja  finalidade era reestruturar o monopólio comercial e aumentar o controle administrativo.
No Maranhão foi criada a Companhia de Comercio do Maranhão, o que diminuía o lucro dos colonos e aumentava o descontentamento com a Metrópole.
Além disso, havia a proibição da escravidão dos indígenas, imposta pelos jesuítas, e que contava com o apoio da Companhia, responsável pela vinda e comercialização dos escravos negros.
A revolta liderada pelos irmãos Manoel e Tomás Beckman tomou a cidade de São Luís, expulsou os missionários da região e extinguiu a Companhia do Comercio.
A revolta foi severamente punida, Tomás Beckman foi preso e Manoel, morto. Todavia, pode-se dizer que os revoltosos tiveram uma vitoria parcial, pois a Companhia de Comercio foi definitivamente extinta.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O endurecimento do regime


Com a morte de D. José I, como já foi dito antes, sua esposa D. Maria I subiu ao trono. Sua posse real representou a retomada de uma política dura em relação ás colônias, particularmente ao Brasil. Dizendo de um modo mais direto, representou um retrocesso no desenvolvimento da nação. Aliás, na segunda metade do século XX, passamos por situações parecidas, geralmente ditadas pelos interesses estrangeiros (em particular pelo tão conhecido Fundo Monetário Internacional, o famigerado FMI).
Em 1785, a rainha retrógada expediu um alvará, determinando que fossem fechadas as manufaturas que aqui houvesse com exceção daquelas que fabricavam algodão grosseiro para as vestimentas dos escravos. D. Maria I retomou o regime monárquico absolutista, onde os reis governam com base estritamente determinada em seu poder pessoal.  É claro que essas medidas não agradaram em nada o povo daqui, exceto aqueles que estavam a serviço do poder.
Enquanto isso, na Europa, as idéias dos pensadores iluministas ganhavam terreno. Por influencia desses pensadores foram depostos e executados, em 1789, os reis franceses Luís XVI e Maria Antonieta durante, durante a Revolução Francesa. Um pouco antes, em 1776, nossos vizinhos os Estados Unidos da America proclamaram sua independência da Inglaterra.
Essas idéias iluministas chegavam ao Brasil, exatamente num momento de opressão. Um momento onde os moradores daqui começaram a se preocupar com uma idéia nova, a de ser brasileiro (e não mais luso-brasileiro). Começou a nascer uma consciência nacional que viria desencadear alguns movimentos de revolta. Dentre eles o mais notável da época foi a Inconfidência Mineira. A inquietação maior se concentrou na capitania de Minas porque havia ameaça da Derrama.
O encarregado de bancar o carrasco da rainha foi um governador que subiu ao poder na capitania em 1788, o Visconde de Barbacena. Ele trazia instruções severas para verificar por que arrecadação de ouro estava caindo, e também para ser muito duro com aqueles que estavam com seus impostos atrasados. Sua chegada azedou ainda mais o humor dos minérios descontentes.  

As novas idéias


Nas ultimas décadas do século XVIII, a Europa estava vivendo uma revolução de idéias. As chamadas monarquias absolutistas.
Predominantes desde o século XVI entraram em declínio. Para entender como tudo isso aconteceu, precisamos dar algum repasse em algumas lições culturais e filosóficas. Desde o inicio do século, pensadores como Montesquieu, Voltaire e Rousseau começaram a plantar as sementes do pensamento racional. Segundo eles, os conhecimentos humanos são atingidos pela razão, e através dela podemos descobrir ou formular leis que regem a sociedade.
As idéias desses filósofos deram origem ao pensamento liberal. No plano político, os liberais defendiam que a soberania de um povo reside no direito de representação dos indivíduos, e não no poder dos reis. Mas alguns deles, em particular Voltaire, aceitavam a monarquia, desde que os reis fossem esclarecidos. Tal pensamento deu origem ao despotismo esclarecido, que se desenvolveu em alguns países da Europa.
Nesse mesmo período, Dom José I subiu ao trono de Portugal, precisamente em 1750. O reinado dele ficou marcado pela presença de um ministro, Sebastião José Carvalho e Melo, mas tarde nomeado Marquês de Pombal. Assim que foi nomeado primeiro-ministro pelo rei, Carvalho e Melo influenciado pelo pensamento liberal, procurou fortalecer o poder real, realizou reformas na economia e na administração, e combatendo o poder das grandes famílias da nobreza e da Companhia de Jesus (a mais importante ordem religiosa do reino, também conhecida por Ordem dos Jesuítas). Durante a gestão do Marquês de Pombal, houve um malogrado atentado contra a vida do rei. Pombal aproveitou o incidente para mandar executar uma família de aristocratas (Aveiro e Távola), que liderava a oposição ao monarca. Em 1759, expulsou os jesuítas de Portugal e de seus domínios. O déspota esclarecido tentou, em nome do rei, tomar algumas medidas progressistas. Uma delas foi mandar suspender o Tratado de Methuen, enfraquecendo assim a influencia da Inglaterra sobre os portugueses. Enquanto Portugal vivia seus conflitos internos, a economia continuava em declínio. Havia no país uma organização social arcaica, que não produzia produtos manufaturados, indispensáveis ao progresso da metrópole e de suas colônias. O capitalismo português era capenga, e por isso pouco adiantou a suspensão do Tratado, pois pouco havia a oferecer para o Exterior. Para complicar a situação, houve em 1755 um terremoto em Lisboa que deixou um enorme estrago. Enquanto isso, a Inglaterra investia pesado no desenvolvimento de indústrias, fomentando cada vez mais a Revolução Industrial.
Pombal tentou desenvolver atividades empresariais no Brasil, criando a Companhia do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba. A primeira delas tinha objetivo de desenvolver a região Norte, oferecendo na Europa, a preços atraentes, as mercadorias ali produzidas (cacau, cravo, canela, algodão e arroz). A segunda tinha o mesmo propósito com respeito ao Nordeste. Pombal manteve no Brasil a política de colocar membros de sua conveniência em postos-chaves da administração pública (a velha e conhecida política do “é dando que se recebe”). Fiscais do governo, magistrados e oficiais militares eram todos de sua panelinha, no século XVIII. Mas o seu programa econômico entrou em declínio, tanto aqui quanto em Portugal. A produção de açúcar perdeu mercado quando os holandeses começaram a produzir nas Antilhas, e o ouro ficou escasso.
Outra atitude pombalina (que perdura até os dias de hoje) foi a destruição do mínimo que havia em termos de ensino no país. O ensino estava nas mãos dos padres jesuítas, que construíram colégios equiparáveis a enormes palácios.
Com a expulsão desses padres, seus bens foram confiscados e seus colégios acabaram servindo de palácios para governadores ou hospitais militares.
Pombal tinha tanto poder que o vaticano não se indispôs com ele. Ao contrario o Papa Clemente XIV acabou extinguido a Companhia de Jesus, dando a justificativa de que “ela trazia muitos problemas, e pouco agia”. Em 1777, Dom José I faleceu. Com isso acabou a tirania do Marques de Pombal. A sucessora do rei, D. Maria I, que não simpatizava com as idéias liberais francesas, demitiu o tirano, revogando boa parte do que fez. O processo por ela inaugurado teve o sugestivo nome Viradeira. Alias, é bom não confundir a obra com a pessoa. A Viradeira não foi a rainha, mas sim o resultado das atitudes dela.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Bandeiras


Quase sempre, as bandeiras eram organizadas mediante a iniciativa de particulares. Constituídas de grandes contingentes de pessoas - homens, mulheres e crianças -, partiam com as condições exigidas pelas longas distancias que tinham que percorrer.
 Diversos bandeirantes ficaram celebres, entre os quais: Fernão Dias Pais, Antonio Raposo Tavares, Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera), Domingos Jorge Velho. Borba Gato e Manuel Preto.
Fernão Dias Pais, audacioso e perseverante na realização do seu sonho de encontrar as cobiçadas esmeraldas, possibilitaram a exploração das jazidas de ouro no território mineiro.
Antonio Raposo Tavares, implacável caçador de índios para submetê-los ao trabalho escravo, chegou atacar redução dos jesuítas, que abrigavam inúmeros índios, em terras sob o domínio espanhol. Desse modo, grandes regiões foram anexadas ao Brasil.
Bartolomeu Bueno da Silva (a Anhanguera) explorou, em 1682, os sertões de Goiás. Foi o primeiro a fazer isso. Anhanguera significa “diabo vermelho”. Os índios lhe deram esse nome porque, a fim de amedrontá-los, pôs fogo na aguardente depositada numa vasilha, ordenando-lhes que lhe informassem onde havia ouro. Caso contrário, faria o mesmo com os rios. Acreditando, os índios atenderam o seu desejo.   
Domingos Jorge Velho foi o bandeirante responsável pela destruição dos Quilombos dos Palmares, que eram formados por agrupamentos de negros que fugiam da escravidão, contra os quais outros ataques não haviam sido bem sucedidos.
Borba Gato foi obrigado a refugiar-se no sertão, em vista de haver sido considerado culpado da morte do administrador-geral das minas, Dom Rodrigo Castelo Branco. Percorrendo o sertão, acabou por descobrir ouro no rio Velhas e na serra de Sabarabuçu. Tempos mais tarde, pôde voltar ao convívio dos seus, e passou a viver cercado de consideração. Era genro do celebre bandeirante Fernão Dias Pais.
Manuel Preto foi o bandeirante que em 1628, chefiou o ataque contra o aldeamento jesuítico de Guairá. Fundou, em São Paulo, a Freguesia do Ó.
Graças às bandeiras, o território brasileiro foi estendido bem além da linha demarcada pelo tratado de Tordesilhas.
Costuma-se dividir as bandeiras em três fases:
1)      Ciclo da Caça ao Índio
2)      Ciclo do Ouro de Lavagem
3)      Ciclo do Ouro e dos Diamantes

Entradas


A vastidão do território brasileiro, com suas previstas riquezas, ao mesmo tempo em que despertava a cobiça dos povoadores, era enorme desafio á sua coragem e resistência.
Até o século XVI, a exploração do território brasileiro havia se limitado ao litoral e proximidades deste. Organizaram-se, então, as entradas, com a intenção de explorar o interior. Eram grupos de homens que tinham como objetivo, além do reconhecimento do território, encontrar pedras e metais preciosos e capturar índios, a fim de submetê-los ao trabalho escravo.
As entradas tinham, pelo menos na maior parte, caráter oficial, e deviam respeitar as divisas determinadas pelo Tratado de Tordesilhas.
Couberam as entradas um papel muito importante no desbravamento do território brasileiro, e foram sucedidas pelas grandes expedições conhecidas por bandeiras.
Não foram poucas as entradas que se destacaram, podendo ser mencionadas as chefiadas por Marcos de Azevedo do Coutinho, Francisco de Sousa, Jerônimo Leitão, Francisco Spinosa, Gabriel Soares de Sousa, Belchior Dias Moréia e Antonio Dias Adorno.